sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tecnologia de mamografia pode estar fazendo mais mal do que bem

Muitos radiologistas confiam em um software de computador especializado para identificar áreas suspeitas em mamografias de rotina.
Agora, um novo estudo alega que essa tecnologia não consegue melhorar a detecção de câncer de mama, e até aumenta o risco de uma leitura anormal quando na verdade a pessoa não tem câncer.
O estudo analisou 1,6 milhões de mamografias feitas em 90 instalações de radiologia em 7 estados dos EUA, entre 1998 e 2006.
Mais de 680.000 mulheres participaram da pesquisa. Os pesquisadores examinaram mamografias em filme, porque muito poucas mamografias digitais foram realizadas durante o período de estudo para permitir uma análise aprofundada.
A taxa de detecção de anormalidades não invasivas na mama melhorou nas instalações de radiologia que adotaram a tecnologia conhecida como detecção auxiliada por computador, ou CAD (na sigla em inglês), mas, crucialmente, a taxa não melhorou para o câncer de mama invasivo, o tipo perigoso que invade os tecidos saudáveis da mama ou de outras partes do corpo.
Além disso, em clínicas com CAD, a porcentagem de mulheres com mamografias anormais que foram diagnosticadas com precisão caiu de 4,3% para 3,6%.
Também, as taxas de “falso-positivos” e “segundas visitas” (ser chamada de volta para mais testes) aumentaram ligeiramente após o CAD. No entanto, a taxa de biópsia declinou ao longo do tempo, independentemente do uso do CAD.
Os resultados ampliam e confirmam as descobertas de outro estudo de 2007 da mesma equipe de pesquisa, que colocava em dúvida o valor do CAD.
“As mulheres devem entender que o CAD provavelmente está sendo usado para interpretar a sua mamografia, e provavelmente não vai ajudar a detectar o câncer de mama mais cedo”, disse o autor do estudo, Joshua J. Fenton.
Mamografias anuais são amplamente recomendadas para mulheres com 40 anos ou mais. Os raios-X podem detectar o câncer em um estágio inicial, quando é mais tratável, mas não são perfeitos: deixam passar até 20% dos cânceres de mama.
Quando dois radiologistas interpretam uma mamografia, as taxas de detecção sobem. Nos últimos anos, estudos mostraram que o CAD, que analisa as imagens de mamografia e destaca as áreas que podem exigir um olhar mais atento, é tão eficaz na detecção de cânceres como um segundo par de olhos.
No entanto, à luz das novas provas, os radiologistas devem ser críticos na interpretação dos resultados do CAD. Seria ele um par de olhos legítimo? Seria mesmo capaz de fazer o trabalho que os radiologistas fazem?
Ainda não está claro no novo estudo se os radiologistas usam o CAD corretamente, ou mesmo se eles o usaram em todos os casos (os resultados são de clínicas que possuem o CAD, mas se a tecnologia foi usada é outra coisa).
“Isso me faz pensar que nós, como comunidade médica, precisamos reavaliar o uso do CAD, mas ainda não sei se com base neste estudo devemos abandonar a tecnologia”, comenta a especialista Carol H. Lee.
Aprovado em 1998 nos EUA, o CAD agora é usado em cerca de três em cada quatro mulheres. Alguns médicos acreditam que os pesquisadores e as empresas de dispositivos devem trabalhar para tornar o software melhor, mas em um ambiente experimental, e não expondo milhões de mulheres a uma tecnologia que pode fazer mais mal do que bem



fonte: http://hypescience.com/

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